Conselho Nacional de Educação aprova o texto da Base Nacional Comum Curricular para o ensino médio

O que devem aprender os alunos no Brasil? A pergunta evidencia a dúvida de milhares de professores no Maranhão e no restante do país, após a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio na última terça-feira, 4, pelo Conselho nacional de Educação, mesmo com o posicionamento contrário das entidades de educação nacionais. Com a aprovação, os estados terão que reestruturar toda a grade do ensino médio até 2022, mudando a forma como o conteúdo é ensinado. Na reta final da educação básica, a mudança influenciará, inclusive, o Exame Nacional do Ensino Médio.

As mudanças vão desde a obrigatoriedade de disciplinas – agora somente português e matemática serão obrigatórias no currículo – passando pela flexibilização das demais disciplinas na grade curricular, até o aumento da carga horária, que segundo a BNCC, deverá ser de 3 mil horas divididas em duas partes: 1.800 horas para linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e 1.200 horas focadas no conteúdo escolhido pelo aluno (podem ser escolhidas as áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico e profissional).

As escolas, públicas e particulares, terão que se adaptar para oferecer o novo ensino médio aos seus alunos. A medida tem dividido opiniões de especialistas sobre o assunto. Para a grande maioria, a proposta é repleta de furos e corre o risco de engessar o ensino médio. Com a reforma, disciplinas essenciais ficaram de fora de currículo, limitação que prejudica o ensino.

Para Raimundo Oliveira, presidente do Sinproesemma, o retrocesso e o engessamento da educação ficam evidentes no conteúdo do documento. “Antes do golpe, a educação no Brasil vinha passando por transformações curriculares e estruturais positivas. Desde então, a educação retroage em todos os sentidos, desde o aumento da desvalorização da categoria até a aprendizagem.  Isso é prejudicial para as gerações atuais e futuras”, disse Oliveira, que citou a entrega do pré-sal aos estrangeiros prejudicando os investimentos em educação, o Plano Nacional da Educação escanteado por fatores, principalmente políticos, como a Emenda Constitucional 95 que congelou os investimentos em educação por 20 anos e o Piso Nacional, alvo de proposta de extinção pelo governo golpista de Michel Temer.

A aprovação da BNCC encerrou um processo que durou quase quatro anos e foi reprovado pelos principais órgãos educacionais do país. A elaboração do documento para o ensino médio foi demorada, por conta da reforma do ensino médio em 2016. A reforma dividiu a BNCC em ensino infantil e fundamental, e foi aprovada em 2017.

Confira aqui o texto da BNCC completo, e aqui o que diz a CNTE sobre o assunto.