O Sinproesemma, juntamente com o Sindeducação e entidades sindicais do norte e nordeste, realizaram audiência pública “Os desafios da Educação Pública”, no auditório da Fiema em São Luís. A audiência teve como objetivo a criação do debate propositivo sobre o direito do magistério aos precatórios do Fundef e o fortalecimento da unidade e a organização dos trabalhadores da educação. A ocasião serviu ainda para debater a escola democrática.
Participaram da mesa de abertura o presidente do Sinproesemma, prof. Raimundo Oliveira; a presidente do Sindeducação, Elizabeth Castelo Branco; o secretário-adjunto de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-MA), Williandickson Azevedo, que no evento representou o secretário de Educação do estado, Felipe Camarão; o secretário de Assuntos Jurídicos e Legislativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Gabriel Magno Pereira Cruz; Janilson Gonçalves, presidente da Federação dos Sindicato dos servidores Públicos Municipais do Estado do Maranhão (FETRACSE-MA); o deputado estadual Eduardo Braide; o presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil secção Bahia (APLB), Rui Oliveira; Anizio Melo, presidente do Sindicato APEOC do Ceará; a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado do Piauí (SINTE-PI), Paulina Silva Almeida e Mateus Ferreira, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará (SINTEPP).
Elizabeth Castelo Branco abriu o evento saudando aos presentes. Em seguida, Anizio Melo parabenizou a solenidade e reforçou a ajuda do Ceará no debate para que os recursos da educação possam chegar aos trabalhadores. Em seguida, Paulina Silva Almeida falou que o SINTE-PI está junto para garantir os recursos da educação. “Nós acreditamos em educação pública de qualidade socialmente referenciada e para isso, nós precisamos dos recursos que são nossos por direito”, frisou.
Por sua vez, Rui Oliveira ressaltou a contribuição da Bahia, estado onde a luta pelos precatórios teve um retorno bastante positivo. Mateus Ferreira falou dos desafios que a nova conjuntura política trará para os trabalhadores da educação, principalmente no norte e nordeste onde a chapa vencedora da eleição 2018 teve alto índice de rejeição. “Mais do que nunca, seremos perseguidos, é muito importante a gente organizar a nossa unidade de ação”, disse.
Gelilson Gonçalves relatou que a FETRACSE-MA também compõe a luta em defesa dos trabalhadores públicos da educação nos municípios. Segundo ele, desde 2010 o trabalho em defesa dos trabalhadores públicos municipais, incluindo os da educação, é realizado a cada dia com enfrentamento, mobilização e organização. Para ele o momento é de fortalecer a categoria para consolidar as conquistas e ter mais avanços.
Representando a CNTE, Gabriel Magno aliou a entidade à luta do norte e nordeste pela educação pública. Gabriel relembrou os 50 anos do AI-5, a tentativa mais cruel de tentar calar a democracia brasileira “É nesse espírito de luta democrática e de resistência que a gente se coloca nessa trincheira ao lado dos nossos sindicatos filiados, de cada trabalhador e trabalhadora da educação no Brasil”.
Eduardo Braide, um dos representantes da Assembleia Legislativa do Maranhão e da Câmara dos Deputados a partir de 2019, reforçou que estará à disposição em Brasília para ajudar na luta dos professores pelos recursos do Fundef. Em sua fala, Williandickson Azevedo reforçou a importância do debate, evidenciando que o Estado tem se colocado para o acordo democrático com os trabalhadores e trabalhadoras da educação.
Presidente do Sinproesemma, Raimundo Oliveira, falou sobre a atuação do sindicato pelos precatórios do Fundef. Disse que, apesar do Maranhão já ter cinco municípios onde os recursos do Fundef estão bloqueados, a ausência de decisões judiciais concretas favoráveis aos trabalhadores e trabalhadoras da educação afasta a necessidade dos municípios em pagar os recursos. Oliveira falou ainda sobre o lançamento da Frente Norte/Nordeste em Defesa da Educação e estendeu o convite ao deputado Braide, para integrar a luta “Esta é uma bandeira não só dos professores, mas de toda sociedade brasileira e isso faz com que possamos contribuir para a qualidade da educação do nosso país”.
Elizabeth Castelo Branco encerrou as falas da mesa, pedindo a unidade entre as regiões, para que o enfrentamento, em conjunto, possa ser forte. Ela citou algumas proposições de leis que ferem diretamente os direitos dos trabalhadores, como a PEC nº 287 (reforma da previdência), PL Nº 7.180 (Escola sem Partido), PL Nº 3821 (Fura greve), PL Nº 78 (Entrega do Pré-Sal a multinacionais), entre outras, que prejudicam o sistema educacional público. “Quem vai construir essa luta somos nós, com coragem, determinação e enfrentamento” disse ela, que reforçou que a presença de representantes de entidades públicas unidas à luta é de grande importância.
Lançamento da Frente Norte/Nordeste de Defesa da Educação
Durante a audiência pública “Os desafios da Educação Pública”, houve o lançamento da Frente Norte/Nordeste de Defesa da Educação, fruto da unidade entre os estados das regiões Norte e Nordeste pela defesa da educação, com o intuito de unificar toda a sociedade em prol de sanar os problemas do sistema educacional público brasileiro, principalmente no Norte e no Nordeste, regiões mais afetadas com a ausência e cortes de recursos.
Representantes das assessorias jurídicas das instituições compuseram uma nova mesa, com o presidente do Sinproesemma, prof. Raimundo Oliveira; a presidente do Sindeducação, Elizabeth Castelo Branco; o secretário de Assuntos Jurídicos e Legislativos da CNTE, Gabriel Magno Pereira Cruz; Eduardo Ferreira, assessor jurídico do CNTE; o diretor de Políticas Públicas da APLB-MA, Washington Luís Cardoso; Antônio Carlos Araújo, assessor jurídico do Sindeducação; Janilson Lima, assessor jurídico do Sinproesemma; o presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil secção Bahia (APLB), Rui Oliveira, Anizio Melo, presidente do Sindicato APEOC do Ceará e o deputado Wellington do Curso. O objetivo da mesa foi sair com ações e estratégias da Frente Norte/Nordeste de Defesa da Educação definidas para o enfrentamento ao parecer, garantindo o direito ao recebimento dos precatórios pelos educadores.
A presidente do Sindeducação abriu o debate, citando o parecer do Tribunal de Contas da União – TCU, que foi desfavorável à aplicação dos precatórios do Fundef para os professores. Elizabeth disse ainda que a Frente foi pensada para ter aspecto jurídico, político (representado pelos sindicatos) e também parlamentar, para que haja enfrentamento no Congresso Nacional.
Rui Oliveira, com a palavra no segundo momento, falou que a frente é fundamental, estratégica e politicamente correta para que a luta seja bem-sucedida. Ele citou que na Bahia a ação jurídica é o suporte da grande luta que a categoria enfrenta no estado. Rui falou sobre a aprovação da BNCC, Lei da Terceirização e a Reforma Trabalhista, e sobre o período tenebroso para a educação a partir de 2019, sem esquecer que os precatórios do Fundef estão inclusos nesses obstáculos. Para ele, o levante da classe impedirá que os precatórios caiam nas mãos de empreiteiros. “Na Bahia, nos lutamos para que todos os trabalhadores e trabalhadoras da educação, independente de serem somente professores, tenham direito ao rateio do precatório”. Na Bahia, 60 municípios já receberam o dinheiro dos precatórios.
Em seguida, Anizio Melo deu o exemplo do Ceará, que já ressarciu os professores e professoras do estado em quase R$ 5 milhões, independente de parecer técnico das instituições como o TCU. “Nós temos que incorporar o conceito de que esse dinheiro é indenizatório à educação, vem por dentro do município ou estado, mas vinculado ao Fundef que tem duas subvinculações: 60%0 para o professor e 40% para manutenção das escolas e pagamentos dos funcionários” disse ele, que completou dizendo que este é um dinheiro que foi tirado dos professores no passado.
O deputado estadual Eduardo Braide, ao ser convidado para o palco, se comprometeu em juntar-se à luta da Frente Norte/Nordeste de Defesa da Educação.
Ações e estratégias
Após o lançamento da Frente Norte/Nordeste de Defesa da Educação, a audiência pública teve continuidade, desta vez com Eduardo Ferreira, assessor jurídico do CNTE. Ele citou os ataques constantes à classe dos professores e professoras do país e tranquilizou os participantes quanto ao parecer técnico do TCU. “Os juízes não estão subordinados a essa decisão do TCU”, disse ele, reforçando que a decisão do Tribunal de Contas da União é administrativa e não tem repercussão no poder judiciário. Para ele, os sindicatos não podem esquecer que os poderem estão se articulando. “Se a gente não acelerar o passo, através da luta da categoria, a gente vai ficar menos forte nesse debate lá em Brasília, e tivemos uma derrota sim no TCU, mas é uma derrota que ainda pode ser revertida no Poder Judiciário”.
Antônio Carlos, assessor jurídico do Sindeducação, reforçou o posicionamento do Eduardo Ferreira e cobrou a mobilização dos sindicatos e demais entidades classistas da educação. Segundo ele, o movimento já deveria estar sendo realizado a mais tempo, embora ainda possa ser iniciado, conscientizando trabalhadores em cada cidade do estado. Ele também citou os boatos que amedrontam a classe e fazem com que a categoria não se unifique.
Washington Cardoso disse que a categoria conseguiu avançar e retomar o tempo perdido. Ele ressaltou que existem municípios que não entraram com ações autônomas para recebimento dos precatórios do Fundef, e dependem exclusivamente de ação civil pública para conquistar esse direito. Segundo ele, a vitória só depende da união de forças. Gabriel Magno destacou que a luta jurídica, sozinha, não tem força alguma. Ele citou as tentativas de ataque às políticas e fundos que financiam a educação pública e, paralelamente, o crescimento dos estabelecimentos e instituições privadas de ensino. Ele listou cinco eixos essenciais para a luta organizada: fortalecer a escola pública, articulação proativa entre os três poderes, mobilização e articulação dos movimentos sociais, fortalecimento da organização sindical e “Esta é uma luta em que estamos entrando para ganhar. Não tem cabeça baixa, derrotismo…esta é uma luta justa, necessária, e nós vamos juntos, sem ninguém soltar a mão de ninguém, conseguir mais esta vitória para a educação brasileira”.
O presidente do Sinproesemma, prof. Raimundo Oliveira, disse que além da luta das entidades classistas, o empenho dos vereadores e deputados é essencial para garantir os precatórios do Fundef. Ele disse ainda que é importante que a classe não se esqueça das outras pautas presentes, como o reajuste do Piso, a política do novo governo após o fim do Fundeb, entre outros. “O Sinproesemma, por meio das regionais e núcleos, com certeza tem que se juntar às federações e centrais sindicais para que possamos, de fato, reforçar essa luta. Qualquer um que venha a somar com esta luta na Frente Norte e Nordeste de Defesa da Educação é de extrema importância”.
O deputado estadual Wellington do Curso disse que um dos papeis do parlamento estadual é fiscalizar o investimento dos recursos da educação. Após as falas dos componentes da mesa, a audiência foi aberta às falas do público. Ao fim da audiência, foram deliberadas ações nos interiores do Maranhão e nos demais municípios do Nordeste para dialogar sobre os precatórios do Fundef, a fim de unir a categoria para o enfrentamento, com o apoio das assessorias jurídicas das entidades sindicais e confederações para compor uma tese coletiva para fazer a defesa dos precatórios do Fundef no STF. Ficou sugerida ainda uma reunião com os presidentes dos sindicatos do Maranhão para alinhar as ações.
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipal do Estado do Maranhão
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